segunda-feira, 5 de setembro de 2011

D. Afonso II de Portugal

D. Afonso II 

D. Afonso II de Portugal ,cognominado O Gordo, O Crasso ou O Gafo, em virtude da doença que o teria afectado,  que seria uma variante da lepra; Coimbra, 23 de Abril de 1185 - Santarém, 25 de Março de 1223, terceiro rei de Portugal, era filho do rei Sancho I de Portugal e da sua mulher, Dulce de Berenguer, mais conhecida como Dulce de Barcelona, infanta de Aragão. Afonso sucedeu ao seu pai em 1211.


Ocupou o trono em 1211. Não seguiu a orientação dos seus antepassados quanto ao alargamento do Reino, voltando-se somente para a organização da administração deste a para a consolidação do poder real. Assim, logo em 1211 reúne as cortes de Coimbra donde parece ter saído a primeira colectânea de leis gerais que mostram em Portugal, muito mais cedo que noutros países, a acção centralizadora do rei.
 O reinado de Afonso II caracterizou um novo estilo de governação, contrário à tendência belicista dos seus antecessores. Afonso II não contestou as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado ter sido tomada aos Mouros a cidade de Alcácer do Sal, em 1217, mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa), preferindo sim consolidar a estrutura económica e social do país. O primeiro conjunto de leis portuguesas é de sua autoria e visam principalmente temas como a propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda. Foram ainda enviadas embaixadas a diversos países europeus, com o objectivo de estabelecer tratados comerciais. As Cortes de Coimbra destinaram-se principalmente a garantir o direito de propriedade, a regular a justiça civil, a defender os interesses materiais da coroa e a evitar os abusos. O desejo de firmar a soberania da coroa manifestou-se ainda nas «confirmações», raras até D. Afonso II a que, de 1216 a 1221, se generalizam como medida de administração pública, a nas «inquirições» que a partir de 1220 representam também uma tentativa de reprimir abusos. 
Os primeiros anos do seu reinado foram marcados por violentos conflitos internos entre Afonso II e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Sancha (a quem seu pai legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer -, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos), numa tentativa de centralizar o poder régio, o que foi resolvido apenas com o confisco dos bens e exílio para Castela ou recolhimento a mosteiros das infantas.
Outras reformas de Afonso II tocaram na relação da coroa Portuguesa com o Papa. Com vista à obtenção do reconhecimento da independência de Portugal, Afonso Henriques, seu avô, foi obrigado a legislar vários privilégios para a Igreja. Anos depois, estas medidas começaram a ser um peso para Portugal, que via a Igreja desenvolver-se como um estado dentro do estado. Com a existência de Portugal firmemente estabelecida, Afonso II procurou minar o poder clerical dentro do país e aplicar parte das receitas das igrejas em propósitos de utilidade nacional. Esta atitude deu origem a um conflito diplomático entre o Papado e Portugal. Depois de ter sido excomungado pelo Papa Honório III, Afonso II prometeu rectificar os seus erros contra a Igreja, mas morreu em 1223 excomungado, sem fazer nenhum esforço sério para mudar a sua política.
O seu curto reinado de 12 anos deixou, no entanto, um marco na história da administração pública, com a realização das Inquirições Gerais, cujo objectivo era verificar a legitimidade da doações, e das Confirmações, para conservar a posse das terras.



D. Afonso II e Alcobaça

Em vida, D. Afonso II concedeu grande favor à Abadia de Alcobaça por contraponto aos seus antecessores, que o tinham feito em relação ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Aos monges de Cister, o monarca concedeu a larga soma de 2000 maravedis.
A confirmar esta relação, no braço sul do Transepto da Igreja do Mosteiro de Alcobaça encontramos a inscrição funerária de D. Afonso II. Esta, gravada num sarcófago de calcário que se encontra actualmente vazio, carece qualquer sinal de sumptuosidade, característica da sua época.
Segundo o Livro de Óbitos de Santa Cruz de Coimbra, D. Afonso II terá falecido em Março de 1223, permanecendo o seu corpo cerca de dez anos em Coimbra. Findo este período, foi trasladado para Alcobaça, onde recebeu sepultura definitiva, cumprindo disposições testamentárias do próprio, datadas de 1221. Também a arca tumular de sua esposa D. Urraca de Castela se encontra no Panteão Régio deste Monumento. 

Ficha genealógica:
 
D. Afonso II, nasceu em Coimbra em 12 de Abril de 1185, tendo morrido na mesma cidade a 25 de Março de 1223. Foi enterrado no Mosteiro de Alcobaça. Casou com D. Urraca, filha de Afonso VII de Castela e irmã da rainha Branca, mulher de Luís VIII, rei de França, que morreu em Coimbra a 3 de Novembro de 1220. Tiveram os seguintes filhos:

1. D. Sancho II, que herdou a coroa;
2. D. Afonso III, que herdou a coroa;
3. D. Leonor, nasceu em 1211; rainha da Dinamarca em 1229, pelo seu casamento com Valdemar III da Dinamarca; faleceu depois de 1231;
4. D. Fernando, nasceu depois de 1217; foi senhor de Serpa; esteve em Roma por volta de 1239 para implorar perdão de Gregório IX, por desacatos cometidos; faleceu por volta de 1243.
O monarca teve um bastardo de mãe que se ignora:
5. D. João Afonso, que morreu em 1234, sendo enterrado em Alcobaça.


Sem comentários:

Enviar um comentário